2012/05/27

Branco

Eu deveria deixar linhas não-escritas
E, nos poucos papéis manchados
Embrulharia presentes, sonhos, passados...
E nada, além disso, seria como quis;
Como, de certo, só eu o sei.

Eu deveria deixar caminhos não-traçados
E, no pouco tempo que me restasse,
Percorria, em sonhos, outros mundos;
Em profundos devaneios
Que, de certo, só os meios para me perder.

Quando acordado racionalizando um por quê
Para caminhar por onde abandonei,
Para escrever as linhas em branco,
Me pego em tantos outros motivos contrários
Que, de certo, como só eu sei, não há meios para esquecer.

Eu apenas deveria deixar tudo em branco;
Passar em branco minha vida.
Aí sim saberia que foi bem vivida,
Sem alterar nada nem ninguém ao meu redor.
Ou melhor, sem sujar o existir.

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