2012/05/27

Branco

Eu deveria deixar linhas não-escritas
E, nos poucos papéis manchados
Embrulharia presentes, sonhos, passados...
E nada, além disso, seria como quis;
Como, de certo, só eu o sei.

Eu deveria deixar caminhos não-traçados
E, no pouco tempo que me restasse,
Percorria, em sonhos, outros mundos;
Em profundos devaneios
Que, de certo, só os meios para me perder.

Quando acordado racionalizando um por quê
Para caminhar por onde abandonei,
Para escrever as linhas em branco,
Me pego em tantos outros motivos contrários
Que, de certo, como só eu sei, não há meios para esquecer.

Eu apenas deveria deixar tudo em branco;
Passar em branco minha vida.
Aí sim saberia que foi bem vivida,
Sem alterar nada nem ninguém ao meu redor.
Ou melhor, sem sujar o existir.

2012/05/21


"Só na harmonia da música, nas rítmicas cadências da melhor poesia ou nas linhas de uma grande obra de arte, pode a alma humana apanhar um vislumbre do verdadeiro amor nos degraus superiores do plano astral. Essas coisas dão às vezes à alma alguns indícios, embora fracos, do que a alma realmente experimenta naqueles elevados planos de existência. E é esta uma das razões porque a música, a arte e a poesia nos elevam acima do ambiente material em que nos achamos."

A vida depois da morte, Yogue Ramacharaca
Cap. XIV, Os companheiros do astral