2007/08/08

"Certa noite, sonhei que marchava com a falange. Estávamos avançando por uma planície, de encontro ao inimigo. O terror gelava meu coração. Meus camaradas guerreiros caminhavam com passadas largas à minha volta, na frente, atrás, por todos os lados. Eram eu. O meu eu velho, o meu eu jovem. Fiquei ainda mais aterrorizado, como se fosse me fragmentar em pedacinhos. Então, todos começaram a cantar. Todos os meus “eus”. Enquanto suas vozes se elevavam em uníssono, todo o medo abandonou meu coração. Despertei com o coração tranqüilo e tive certeza que era um sonho diretamente de Deus.

"Entendi, então, que era isso que tornava a falange grandiosa. A cola invisível que a mantinha unida. Percebi que todos os exercícios e a disciplina que vocês, espartanos, gostam de martelar na cabeça dos outros não significam, na realidade, inculcar perícia ou arte, mas somente produzir esta cola."

Portões de fogo, Steven Pressfield
Livro VII - Cap. 32