2006/12/19

"A água de uma fonte existe a despeito da sede de quem vai bebê-la ou, sôfrego, a ela se atira. A água existe; é; flui. É dádiva e entrega. Sempre. Já a sede é uma necessidade, que valoriza a água, é certo, porém, água não é, pois não cria. A água existe a despeito da sede.

"Assim, o amor. Quando existe, é aquém e além da sede (necessidade) de quem o procura. Existe porque brota e vive, inexplicável, mas puro e fluido como a fonte. Ele flui. Ele independe da necessidade alheia. Amor não está. Amor é. Quem está amando não ama. Ama quem é amando."

Do amor: ensaio de enigma, Artur da Távola

2006/12/09

"Quão feliz é o destino da inocente donzela!
O esquecimento do mundo, pelo mundo esquecida.
Brilho eterno da mente sem lembranças!
Cada oração aceita, cada desejo renunciado."

Eloisa to Abelard, Alexander Pope

2006/11/21

“Quem quer que guiado nos mistérios do amor até o ponto a que chegamos, que é o de contemplação metódica e exata das belezas particulares, houver atingido o grau mais alto da iniciação, deparará, de súbito, com uma beleza sem par, precisamente a que fora antes o alvo soberano de seus esforços. Beleza incriada, perpétua, imperecível, incapaz de aumento ou diminuição. Beleza que não é ora bela, ora horrível; bela a este aspecto, horrível sob aquele; bela para uns e não para outros; bela aqui, não ali. Beleza que não pode afigurar-se à imaginação com rosto ou mãos ou o que quer que seja de corporal. Beleza que não é tal palavra ou ciência; que não reside em um animal, ou na terra, ou no céu, ou em qualquer coisa semelhante; mas em si mesma, e que permanece sempre idêntica a si própria.”

O Banquete, Platão

2006/11/05

"Então, também se reconhecerá que quando se tem conscientemente medo de não ser amado, o medo real, embora habitualmente inconsciente, é o de amar. Amar significa entregar-se sem garantia, dar-se completamente na esperança de que nosso amor produzirá amor na pessoa amada. Amar é um ato de fé, e quem tiver mesquinha fé terá também mesquinho amor."

A Arte de Amar, Erich Fromm (Itatiaia 1ª ed, pág. 164)

2006/06/13

“ “O que acontecerá”, pensou, “se essa fragrância que vou possuir... desaparecer? Não como na lembrança, onde todos os aromas são eternos. A fragrância real evanesce no mundo. É volátil. E quando se gastar, não existirá mais o manancial onde a capturei. E eu estarei nu como antes, tendo de conformar-me com os meus sucedâneos. Não, será pior do que antes! Pois nesse ínterim terei conhecido e possuído a minha própria e maravilhosa fragrância, e não poderei esquecê-la, pois jamais esqueço um aroma. E, por toda a vida me consumirá sua lembrança, como me consome agora neste momento, a idéia de que hei de possuí-la... Para que dela necessito, então?” ”

O perfume, Patrick Süskind

2006/05/17

"A mitologia é a música da imaginação, inspirada nas energias do corpo. Uma vez um mestre zen parou diante de seus discípulos, prestes a proferir um sermão. No instante em que ele ia abrir a boca, um pássaro cantou. E ele disse: "O sermão já foi proferido"."

O poder do mito, Joseph Campbell, com Bill Moyers,
14ª edição - maio 1996, p. 23

2006/02/16

Caminho da cura...

... para a liberdade:
“Descobrindo finalmente que a liberdade é
UM ESTADO DA CONSCIÊNCIA!”
- Of two beginnings, 01

... para o confronto:
“Mas agora estou de volta para tirar isso de minha vida”
- Ending Theme, 02

… para os erros:
“Viva que você poderá encontrar as respostas
que você não pode saber antes de viver”
- Fandango, 03

... para a aceitação:
“Nunca será a mesma coisa,
mas eu o amarei exatamente da mesma forma”
- Trace of blood, 04

... para a devoção:
“Eu acredito neste meu coração quando ele diz aos céus
que essa é a face de deus”
- This heart of mine, 05

... para a verdade:
“Deixe-me buscar a resposta que eu preciso saber
Deixe-me encontrar um caminho”
- Undertow, 06

... para o aprendizado:
“Enegrecido e contundido, aprendendo como ver”
- Rope Ends, 07

… para as oportunidades:
“Por favor deixe-me ser melhor do que fui”
- Chainsling, 08

... para o continuar:
“Algumas vezes, perdoar o levará um passo além”
- Dryad of the woods, 09

... para a superação:
“Eu me lembro de todos aqueles medos, clareando este coração”
- Thorn Clown, 10

... para o buscar:
“...mas... apaixonado por quem ou pelo que?
amar a cidade, a carne, o passado, o riso,
descontroladamente a mim mesmo”
- Remedy lane, 11

... para a evolução:
“Desejando de mim mesmo que eu seja um deus
Estou desejando ser um deus!”
- Waking every god, 12

... para o esquecer:
“Eu não deixo sombra quando estou só”
- Second love, 13

... para o caminho:
“Acredite! Porque depois de tudo
o meu sentido da VERDADE me trouxe até aqui”
- Beyond the pale, 14


estudo em Remedy Lane, Daniel Gildenlöw