2011/10/31

"(...) Entretanto agora a visão de cada homem o alegrava e comovia, amava as crianças que brincavam e iam à escola, e amava a gente velha que sentava em bancos diante de suas casinhas, aquecendo ao sol as mãos enrugadas. Quando via um rapaz perseguir uma menina com o olhar apaixonado; ou um operário num dia de descanso, que, saudoso do lar, carregava nos braços suas crianças; ou um médico fino e inteligente, que silencioso e apressado conduzia seu carro e pensava em seus doentes; ou também uma prostituta pobre e malvestida, que à noite aguardava sob um poste de luz, e mesmo a ele, ao renegado, oferecia seu amor, então todos esses eram seus irmãos e irmãs, e cada um trazia em si a lembrança de uma mãe amada e de um passado melhor ou a marca familiar de uma determinação mais bela e mais nobre e cada um lhe era simpático e digno e dava-lhe motivo para reflexões e ninguém era pior do que ele próprio se sentia."

Augusto, Hermann Hesse

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